segunda-feira, 12 de abril de 2010

Bebés prematuros: fios, máquinas e sondas... o que pensar?

Geralmente, os bebés antes de nascerem, foram desejados, imaginados e sentidos pelo casal. Todo o processo de vinculação tem início no momento em que os pais imaginam e desejam o seu filho, sendo a gravidez o período por excelência em que este vinculo cresce e se fortalece, concretizando-se no momento do nascimento. Quando a gravidez termina prematuramente, com o consequente nascimento de um bebé prematuro, também o processo de vinculação fica alterado. O bebé real não é o bebé imaginado, com o agravamento que este bebé vai ser internado numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), onde tudo é desconhecido e assustador para os Pais.
Depois do nascimento, o bebé é imediatamente transferido para a UCIN, impedindo os Pais de tocarem ou pegarem ao colo no seu bebé, por vezes a mãe foi submetida a anestesia geral, e nem chega a conhecer o bebé no momento do nascimento, o que torna a primeira visita ao bebé na UCIN, num momento muito doloroso.
Habitualmente a primeira visita ao bebé é feita apenas pelo Pai, e só algumas horas ou dias mais tarde pela mãe. E este momento fica sempre marcado na memória dos Pais como um momento de choque, de angústia e stress. O ambiente físico: os materiais, os móveis, a monitorização, o material de apoio ao tratamento e ainda a exposição ao ruído e luminosidade, é sem duvida uma das causas responsáveis pelo choque provocado na primeira visita.
Os Pais ficam ainda perturbados com a visão de todo o aparato técnico que envolve o seu pequeno bebé, e ainda com os sons e os cheiros da Unidade.
Muitas vezes os Pais olham para o seu bebé e associam a gravidade do seu estado à quantidade de tubos e fios que o envolvem.
O meu objectivo é ensinar aos Pais a olharem a UCIN não como inimiga, mas como o lugar que vai ajudar o seu bebé. E ainda a olharem todos os tubos e fios como os amigos essências para o seu bebé, naquela fase. Mas isto só é possível se os pais conhecerem a finalidade de cada tubo ou instrumento que envolve o seu bebé. Por isso vou falar um pouco de todo o material que pode encontrar junto ao seu bebé.
O bebé esta dentro de uma Incubadora. A incubadora tem por função substituir o útero materno, vai manter um ambiente quente, e vai regular a temperatura de acordo com a temperatura do bebé. Proporciona ainda a humidade necessária ao seu equilíbrio. A Incubadora possibilita que todos os cuidados e tratamentos necessários sejam realizados dentro desta, mesmo a pesagem do bebé. A incubadora tem ainda a função de proteger o bebé das infecções.
Para melhor vigilância do bebé, as suas funções vitais estão monitorizadas, através de alguns fios: A frequência cardíaca e frequência respiratória, através de uns fios que terminam nuns pequenos autocolantes, que são colados no peito e lado esquerdo da barriga do bebé. Um outro fio também colado por um autocolante e colado na região direita da barriga do bebé, vai avaliar a temperatura. Existe um outro parecido com uma pequena tira com uma luzinha vermelha, pode ser colocado num dos braços ou pés do bebé e destina-se a avaliar a quantidade de oxigénio no sangue.



Dependendo da prematuridade e instabilidade do bebé, este pode estar ventilado. O ventilador é um aparelho que está junto à incubadora. A ventilação faz-se através de uns tubos que entram na incubadora e que ligam ao bebé através de um tubo, chamado tubo endotraqueal, e pode estar colocado na boca ou nariz e que vai ate à traqueia. Os ventiladores são aparelhos bastante complexos e evoluídos e permitem fazer vários tipos de ventilação, de acordo com as necessidades do bebé, desde a ventilação completa, no bebé que não tem respiração espontânea, ate auxiliar apenas dando uma pequena ajuda, quando o bebé se esquece de respirar.




O bebé pode não estar ventilado e ter apenas uma ajuda para respirar, através de uns pequeninos tubos colocados no nariz e ligados a um outro aparelho chamado de CPAP. Ou ainda ter apenas um ambiente enriquecido em oxigénio dentro da incubadora.
Para alimentar o bebé, e como habitualmente não é alimentado com leite nas primeiras horas ou dias, é colocado numa veia periférica um fininho tubinho chamado de cateter, por onde será administrado o soro. Este cateter pode ser periférico e estar colocado em qualquer um dos membros ou menos frequente na cabeça. Pode ser central, e nos primeiros dias é aproveitado uma das veias do cordão umbilical onde é colocado através dela o cateter. O cateter central pode ainda ser colocado numa das veias dos braços, da região do pescoço, virilhas ou tórax, este cateter é de longa duração, tem a vantagem de não se estar sempre a picar o bebé. Alem do soro, o cateter serve também para administrar toda a medicação de que o bebé necessita.



O bebé tem ainda um outro tubinho colocado no nariz ou boca e vai ate ao estômago, é a sonda nasogastrica e tem como objectivo, nas primeiras horas, avaliar o inicio da produção dos ácidos que vão fazer a digestão dos alimentos. É também por aqui que o bebé vai receber a sua primeira refeição de leite.
O bebé encontra-se pouco vestido, pode ter apenas um gorro, uma camisinha e botinhas, não precisa estar muito agasalhado já que a incubadora proporciona um ambiente aquecido.
Na generalidade é este o equipamento que rodeia o bebé, pode ainda haver um ou outro equipamento ou instrumento necessário a uma determinada situação específica, mas que não é muito comum, e se acontecer oportunamente a equipa de enfermagem explicará aos Pais o objectivo desses mesmos equipamentos.
Alem do ambiente físico e equipamento que rodeiam o bebé, os Pais vão-se deparar com o ruído dos alarmes, o que os deixa assustados e inseguros, é importante que os Pais não fiquem assustados, nem em stress com estes. Nem todos os alarmes são de urgência, e a equipa de saúde está habilitada a reconhecer um alarme de urgência e a actuar rapidamente.