quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Atritos familiares... ou: a minha mãe tira-me do sério! parte1

É sistemático. Não há "filha da puta" de dia que venha a casa dos meus pais e não discuta com a minha querida mãe. E isto tras-me sentimentos tão maus, que me sinto á beira do abismo.


Tem sido tão constante que até assusta. E o pior é que se antes não ligava, agora começo mesmo a achar que isto tem algo por trás, que a minha mãe só me aponta os defeitos a mim, não o faz desta maneira tão vil a mais ninguém. Sinto que ela tem um prazer meio mórbido em deixar-me na lama, sempre mas carado numa de: tens de passar a fazer assim... ou assado... é para o teu bem... não tens feito nada que se veja, nada de palpável...blá blá blá, que cada vez mais me cheira a esturro, requentado de frustração, porque é só direccionado a mim, como se eu fosse o unico ser errante, extremamente imperfeito ao seu redor.




Enfim, que hei-de fazer?
Desta vez, fechei-me no quarto e fartei-me de chorar. O que me faz ficar melhor é pensar que chorar faz bem. SIM, leram bem, CHORAR FAZ BEM!!

Segundo a psicologia, o choro, na vida adulta, pode ter significados muito diversos. É bem diferente do choro do bebé, que acontece quando quer ver satisfeitas necessidades como fome, sede, conforto, atenção. Algumas mães conseguem desenvolver uma afinidade tão grande e natural com seus bebés que depois de apenas alguns dias de convívio já são capazes de identificar nas pequenas nuances de cada chorinho o seu significado.
Outras mães não conseguem desenvolver essa habilidade e algumas não permitem que o choro se estabeleça como comunicação entre elas e seus bebés. O choro deixa de ser um apelo natural e se transforma num incómodo.

Há bebés que choram e são logo atendidos, outros não e por isso passam a chorar mais alto, desesperadamente, para que suas necessidades sejam satisfeitas. Mas há um terceiro momento em que o bebé pára de chorar. Transforma-se assim num bebé bonzinho, mas que na verdade ele está apático. Não chora mais porque sabe que não será atendido. Ao crescer, este bebé pode tornar-se num adulto apático também, uma pessoa sem vontade de lutar, de batalhar pelos seus desejos, pela vida.

Já as crianças maiores, elas também costumam usar o choro como instrumento de comunicação. Elas usarão esse recurso tantas mais vezes quanto mais perceberem que ele funciona para conseguirem o que querem. Em algumas famílias, as crianças aprendem que as lágrimas são um excelente instrumento de chantagem. Em adultos, poderão adotar um comportamento semelhante e utilizarão o choro como uma forma de sedução.

Além da emoção

Na idade adulta, o choro pode ser não apenas a expressão de uma emoção, mas ainda uma defesa contra algumas emoções. Muitas pessoas desenvolvem um mecanismo de defesa onde o choro é o grande recurso. A raiva é uma emoção que costuma encontrar defesa nas lágrimas, principalmente quando ela se direciona para pessoas como o pai e mãe, ou figuras de autoridade.

Aprendemos a vida inteira que não é certo nem permitido sentir raiva dos pais e quando em uma situação isso acontece, algumas pessoas se defendem chorando. O choro servindo então como bloqueador da percepção da raiva subjacente.
Há também gente que chora demais ou que se deixam paralisar pelo choro. Como resposta a qualquer adversidade, recorrem às lágrimas e não param mais. Essa reação é muito semelhante àquela das pessoas que riem demais ou que brincam demais, mesmo nas situações mais impróprias.Não devemos esquecer o "poder paralisador" do choro: "Enquanto se chora, não se age".

Chorar é também uma exposição, uma entrega - e chorar com facilidade pode ser muito positivo. Geralmente, quem chora quando tem vontade e estabelece o contato com a emoção em questão - ainda que com mais freqüência do que gostaria - está de bem com seus sentimentos e também encontra facilidade em expressar o medo, a raiva, a insegurança.

Chorar faz bem, desanuvia, esvazia a emoção, mas só quando representa uma emoção genuína. O chorar que faz bem é o chorar de verdade, que não funciona como tapa-buraco para as situações. 

Quando faltam lágrimas

Se chorar é se expor, muita gente prefere não chorar. No caso dos homens, colabora ainda a educação machista, em que os meninos crescem ouvindo frases como "homem que é homem não chora".

Em pessoas que cronificaram suas defesas, é possível que o choro se torne impossível. Alguns homens - e mulheres também - precisaram construir, ao longo da vida, defesas muito grandes para suas emoções e acabam reprimindo suas lágrimas.

Essas pessoas em geral possuem uma personalidade aparentemente forte e resistente, como se nada pudesse atingi-las, mas em geral apresentam somatizações como pressão alta, úlcera e problemas renais.

É comum que pessoas que não conseguem chorar tenham sido incompreendidas ou hostilizadas na infância. Outras vezes, foram crianças que assumiram cedo demais responsabilidades para as quais não estavam preparadas ou que tiveram suas emoções desprezadas, impedindo qualquer comportamento espontâneo.


Enfim, eu choro, logo... EXISTO.